domingo, 9 de junho de 2013

Estratos e estratificação


O que são estratos?

Utiliza-se a palavra estrato para denominar uma camada de rocha ou sedimentos, normalmente tabulares, que sejam limitada por superfícies horizontais com continuidade lateral. A separação entre os vários estratos pode ser feita por planos bem definidos ou por mudança gradual de qualquer propriedade, desde a idade até à litologia, composição química, conteúdo fossilífero,…).
Podemos definir um estrato do ponto de vista geométrico ou genético (da sua formação). Geometricamente, um estrato corresponde a um nível de rocha ou sedimentos que seja distinguível dos circundantes de uma forma visual ou física, estando individualizado dos estratos superiores ou inferiores por superfícies de estratificação. Geneticamente, podemos defini-los como uma unidade de sedimentação depositada durante condições físicas constantes.
As superfícies de estratificação bruscas correspondem a mudanças bruscas no regime de sedimentação ou a etapas erosivas. As superfícies graduais indicam modificações pausadas e lentas.
A margem inferior do estrato, onde se iniciou a deposição, denomina-se muro ou base. Por oposição à margem superior (a última a ser depositada) chama-se tecto ou topo.
Os estratos podem ser caracterizados pela sua orientação, pendor, existência de laminações (paralelas ou cruzadas) ou bioturbações,  estruturas de carga, polaridade dos grãos (se se tratar de rochas detríticas mais grosseiras), tipo de superfícies de estratificação e evolução granulométrica da base para o topo (gradação normal/inversa).
Na figura seguinte é possível observar estratos bem individualizados num afloramento rochoso, na península de Setúbal.


É possível subdividir os estratos em lâminas. A lâmina é a menor divisão possível de um estrato, a nível visual. Assim, está definido que as lâminas podem ter uma espessura até 1cm. As lâminas podem ser identificadas pela sua cor diferente, pela concentração elevada de determinado mineral, conteúdo de matéria orgânica ou mudanças texturais.

Estando definido um estrato é possível dizer o que é a estratificação. Assim, a estratificação consiste na deposição dos sedimentos em estratos. A laminação, por conseguinte, será a deposição sucessiva de lâminas dentro de um estrato.

A estratificação ocorre devido à interacção das condições físicas, químicas e biológicas que regulam a estratificação. Os 4 os principais factores que controlam a estratificação:

-acarreio sedimentar- quando o clima é mais chuvoso também o acarreio sedimentar é maior.

-variações do nível do mar

-subsidiência

-clima- que é controlado por factores orbitais (cósmicos).

Através da análise da estratificação e do conteúdo fossilífero  é possível concluir acerca do tipo de clima e do nível do mar.


Referências Bibliográficas
Wikipedia (2013) 2 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/ .
Legoinha, P. (2012). Apontamentos de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Vera Torres, J. A. (1994). Estratigrafía, principios y métodos. Editorial Rueda. Retrieved from http://orton.catie.ac.cr/cgi-bin/wxis.exe/?IsisScript=CIENL.xis&method=post&formato=2&cantidad=1&expresion=mfn=005473

Métodos utilizados em investigação estratigráfica


As sondagens são um método que permite a obtenção de informação em profundidade.
Foi com o Ocean Drilling Program que se obtiveram testemunhos da constituição da crosta terrestre em vários locais do mundo, permitindo aos cientistas a obtenção de muita informação não só sobre estratigrafia, mas também sobre geoquímica. Este projecto, iniciado em 1985, teve um papel crucial no conhecimento da história da formação dos oceanos e da crusta terrestre. Em 2004, passou a ser conhecido como Integrated Ocean Drilling Program.

Para saber mais sobre estes projectos,  pode consultar os seus sites na internet, em http://www-odp.tamu.edu/ .
 As sondagens podem ser realizadas por motivos científicos, mas na maioria dos casos são feitas para prospecção de minérios, petróleo ou água.

Existem dois métodos principais de realização de sondagens: por percussão e por brocas. Quando se utilizam brocas, pode optar-se por apenas desgastar a rocha, obtendo-se material rochoso desagregado, ou por obter um testemunho contínuo, que se pode arquivar.

Esta imagem mostra vários testemunhos, já arquivados.

O objectivo das sondagens não é só o de obter conhecimento directo sobre a litologia, mas também o de realizar diagrafias.
As diagrafias são o registo contínuo de parâmetros físicos das rochas, apresentando as variações de uma ou várias características medidas durante a realização das sondagens. Para isso utiliza-se uma sonda que não só emite um sinal, mas também regista a resposta a esse sinal. Há vários tipos de diagrafias:

-Diagrafia de resistividade – a resistividade corresponde à resistência eléctrica de um cubo unitário de rocha. Normalmente as rochas são isolantes; se não são isso deve-se normalmente à porosidade. Assim, as rochas compactas têm uma resistividade elevada. A resistividade depende também da salinidade da água que circula nos poros da rocha: quanto mais salina for a água, menos resistividade terá a rocha.

-Diagrafia de radioactividade- trata-se de um cintilómetro que desce pelo furo. Esta diagrafia só pode ser efectuada após o extubamento do furo. As rochas potencialmente mais radioactivas são as vulcânicas e plutónicas e rochas ricas em feldspatos e micas. Também quando há muita quantidade de matéria orgânica há mais radioactividade. Esta diagrafia é muito útil na pesquisa de urânio.

-Diagrafia sónica – esta diagrafia mede o tempo de percurso de uma onda sonora entre a fonte emissora e a fonte receptora. Este tempo de percurso depende da litologia, pressão, temperatura, massa volúmica, textura, porosidade e estrutura das rochas. Permite também obter módulos de elasticidade das rochas.
Esta imagem mostra como é efectuada uma diagrafia sónica.


- Diagrafia térmica – consiste num termómetro com um filamento metálico cuja resistência muda com a temperatura. Nesta diagrafia é necessário ter presente que o gradiente geotérmico depende da litologia e da existência de evaporitos, carvão ou rochas porosas.

- Diagrafia neutrónica - mede o índice de hidrogénio. Consiste no bombardeamento contínuo das rochas com neutrões de energia de 4 a 6 MeV (Mega-eletrão-Volt). Excita-se os átomos leves de hidrogénio, que assim emitem radiação, que por sua vez é detectada. Depende do número de átomos de hidrogénio por unidade de volume. O hidrogénio está relacionado com a presença de água, hidrocarbonetos ou com a própria composição molecular da rocha.

- Diagrafia de Potencial Espontâneo - com este método obtêm-se a diferença entre o potencial de eléctrodo fixo à superfície e o potencial variável do eléctrodo que se desloca ao longo do furo da sondagem.
Para além das diagrafias, há outros métodos utilizados em estratigrafia para determinar a idade dos estratos.
-Depósitos de Varvas – É possível realizar a contagem de camadas alternamente claras e escuras, depositadas em lagos, como se fossem os anéis do tronco de uma árvore. As camadas claras correspondem a estações quentes, enquanto que depósitos escuros correspondem a estações frias. A sua contagem oferece a indicação de tempo geológico envolvido. Este método não é apenas aplicável a lagos, mas a qualquer depósito rítmico, dependente das estações do ano, como por exemplo os ciclos planctónicos anuais dos xistos de Green-River.

- Dendrocronologia - consiste na contagem e medição de anéis de crescimento de árvores, podendo ser relacionado com o método do Carbono 14 (datação absoluta através do decaimento de elementos radioactivos).

- Tefrocronologia – é o estudo dos níveis de cinzas vulcânicas, permitindo a correlação entre níveis distantes geograficamente.

-Traços de fissão – marca deixada pela desintegração espontânea de alguns elementos radioactivos. As emissões perturbam as redes cristalinas dos minerais, deixando marcas da passagem de partículas. É a densidade de traços no seu interior que é proporcional à idade do mineral e à quantidade de urânio ou de tório. Este método é muito utilizado em zircões, apatites, micas, granadas e olivinas. Este método produz resultados mais satisfatórios em rochas do quaternário.

Referências bibliográficas

Wikipedia (2013) 2 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/ .
Legoinha, P. (2012). Apontamentos de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Vera Torres, J. A. (1994). Estratigrafía, principios y métodos. Editorial Rueda. Retrieved from http://orton.catie.ac.cr/cgi-bin/wxis.exe/?IsisScript=CIENL.xis&method=post&formato=2&cantidad=1&expresion=mfn=005473




Princípios fundamentais da Estratigrafia


Existem alguns princípios que são fundamentais no estudo da estratigrafia, já que a sua aplicação torna possível a datação relativa dos estratos de forma mais expedita e imediata.

1-      Princípio da horizontalidade original e continuidade lateral dos estratos. Este princípio postula que os estratos são depositados de forma horizontal e paralelamente à superfície de depósito. No entanto é de referir que se conhecem excepções  este princípio, em zonas em que as camadas foram depositadas com algum pendor, embora sempre paralelamente à camada inferior.

2-      Princípio da sobreposição – Numa sucessão de estratos os  inferiores são os mais antigos e os localizados mais superficialmente são os mais recentes. Assim, toda a camada sobreposta a outra é mais moderna do que ela.  Este princípio pode ser aplicado em qualquer sucessão de estratos horizontais ou subhorizontais desde que não tenha ocorrido inversão através da tectónica após a sua deposição. No entanto existem excepções a esta regra: terraços de um rio em que o rio encaixa nos estratos existentes , filões-camada (em que ocorre intrusão de rochas ígneas), fenómenos de carsificação (em que ocorre preenchimento de cavidades ou grutas) ou ainda as já mencionadas deformações tectónicas (em que séries ou estratos são invertidos).
Apesar destas excepções, este princípio é utilizado amplamente e muito frequentemente, principalmente em conjunção com critérios de polaridade vertical.


3-      Princípio do uniformitarismo (ou actualismo) –  Este princípio é também denominado de Princípio das causas actuais. Baseia-se na admissão de que o presente é a chave do passado, ou seja, diz que é possível interpretar fenómenos do passado com base em fenómenos actuais. Este princípio pressupõe que os processos e fenómenos que ocorrem na Terra são uniformes ao longo do tempo e semelhantes aos actuais. No entanto isto não é totalmente correcto… Ao longo da história da Terra sabe-se que a composição da atmosfera variou, bem como a composição da água dos oceanos. Também a velocidade de rotação da Terra não foi constante e a orientação do seu campo magnético inverteu-se periodicamente. Até a influência de certos fenómenos cóscmicos, como por exemplo a passagem da Terra pelos braços da galáxia, têm influência na vida.  Contudo, como os estratígrafos têm todos estes factores em consideração este principio é também de aplicação essencial e corrente, com algumas correcções.

4-      Princípio da continuidade lateral -  Este princípio admite que uma camada tem a mesma idade em todos os seus pontos, permitindo correlacionar observações praticadas em locais diferentes. Este princípio provoca a extensão do princípio da sobreposição dos estratos pois possibilita a extensão lateral das observações na mesma bacia sedimentar. Este princípio é válido à escala local ou mesmo regional.

5-      Princípio da identidade paleontológica – Este princípio diz-nos que os estratos com o mesmo conteúdo fossilífero são da mesma idade. Admite que em cada intervalo de tempo da escala geológica os organismos que viveram foram diferentes e irrepetíveis. Desta forma é possível estabelecer correlações entre materiais da mesma idade e que estejam geograficamente muito afastados, sendo que muitos organismos estavam distribuídos de forma global pela Terra. No entanto é de referir que existem constrangimentos relativamente à aplicação deste princípio, nomeadamente a existência de barreiras, não só geográficas mas também relativas à temperatura, salinidade, profundidade, climáticas…
6-      Princípio da Intersecção – Toda uma unidade geológica que intersecte uma outra é mais recente. Intrusões magmáticas, filões, superfícies de erosão, falhas ou dobras são estruturas são exemplos de estruturas que muitas vezes aparecem em afloramentos, devendo utilizar-se este princípio para a sua datação relativa, relacionando-as com as unidades geológicas que intersectam.


7-      Princípio da Inclusão – Se um clasto de uma rocha A está incluído numa rocha B, então é possível concluir que a rocha B é mais recente do que a rocha A. Este princípio é aplicável a rochas sedimentares detríticas, nomeadamente a conglomerados e brechas.


Referências Bibliográficas
Wikipedia (2013) 2 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/ .
Legoinha, P. (2012). Apontamentos de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Vera Torres, J. A. (1994). Estratigrafía, principios y métodos. Editorial Rueda. Retrieved from http://orton.catie.ac.cr/cgi-bin/wxis.exe/?IsisScript=CIENL.xis&method=post&formato=2&cantidad=1&expresion=mfn=005473

Paleoecologia


Numa Biocenose, populações de organismos, agora extintos, em que os indivíduos vivem num biótopo (mesmas condições e estado de dependência mútua) existem quatro grupos principais de espécies, considerando a sua presença em termos percentuais:
·         Espécie dominante: >50% das espécies;
·         Espécie característica: 25% a 50%;
·         Espécie acompanhante: 10% a 25%;
·         Espécie fortuita: <10%.


Relativamente à distribuição no planeta, os organismos fósseis podem ser classificados de:
·         Cosmopolitas: se têm distribuição global;
·         Ubiquistas: distribuição global, mas com povoamentos descontínuos;
·         Endémicos: específicos de uma região, sendo por isso maus para se efetuar correlações.

Quanto ao tipo de localização em organismos fósseis aquáticos, estes são classificados de:
·         Plantónicos: se a forma flutua;
·         Netónicos: o organismo nada;
·         Bentónicos: o organismo anda nos fundos marinhos.

Se a população vive sobre a sedimentação do fundo marinho, chama-se epifauna, de vive no interior dos sedimentos, é a endofauna.


Principais grupos de fósseis utilizados em biostratigrafia e datação relativa

O conteúdo de uma seção estratigráfica pode ser dividido em unidades estratigráficas. Quando esta divisão se baseia no conteúdo fossilífero, definem-se unidades biostratigráficas.
A biostratigrafia procura fazer a datação relativa de rochas, utilizando para isso os fósseis que estas contêm. Deste modo é possível estabelecer a idade de rochas diferentes, de locais diferentes, mas com o mesmo conteúdo fossilífero.
Biozona ou unidade biostratigráfica consiste num corpo rochoso distinguido de outro pelo seu conteúdo fossilífero. Existem diferentes tipos de biozonas:
·         Biozona de extensão: definida a partir de fósseis de um determinado táxone específico;
·         Biozona de associação: definida pela existência de tipos diferentes de fósseis juntos, distintos da restante rocha;
·         Biozona de intervalo: conjunto de estratos situados no intervalo entre dois biohorizontes (nível de aparição ou de extinção de um táxone).

Para se fazer a definição de diferentes biozonas recorre-se a fósseis caraterísticos, fósseis estratigráficos ou fósseis de idade. Assim, um fóssil de idade é um grupo taxonómico, geralmente género ou espécie, usado na definição de biozonas, para datação relativa de formações geológicas. Para que um fóssil seja classificado como tal deve obedecer às seguintes condições:
·         Evolução rápida e curta distribuição temporal, ou seja, a espécie surgiu, desenvolveu-se e extinguiu-se num período de tempo relativamente curto (sendo caraterística de apenas esse tempo geológico);
·         Distribuição geográfica ampla, o que permite a comparação entre fósseis de diferentes locais;
·         Grande número de indivíduos de modo a aumentar a probabilidade de ocorrência de fósseis;
·         Estruturas fossilizáveis (ossos, carapaças ou conchas), o que aumenta a probabilidade de ocorrer o processo de fossilização.

Os fósseis de idade podem ter grande expressão e interesse num determinado período geológico, mas não serem importantes num outro. A Figura 11 mostra os fósseis caraterísticos das diferentes Eras e Períodos.



Figura 11 – Exemplos de fósseis de idade, que permitiram a construção de uma escala (bioestratigráfica) de tempo relativo, para as diferentes Eras e Períodos (http://domingos.home.sapo.pt/temp_geol_1.html)

Referências Bibliográficas
Priberam (2012) 9 de junho de 2013, http://www.priberam.pt/.
Wikipedia (2013) 9 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/ .
Iniciação à paleontologia e à história da terra (n.d.) 9 de junho, 2013, http://fossil.uc.pt.
Legoinha, P. (2012). Apontamentos de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Fósseis ao virar da esquina (n.d.) 9 de junho, 2013, http://paleolisboa.com.

Classificação de organismos antigos


A nomenclatura de grupos de organismos antigos para a paleontologia é importante de modo a clarificar conceitos e abranger todos os espécimes. A taxonomia Lineana (Figura 9), apesar de eficaz na classificação de organismos vivos, não é sempre possível de ser utilizada quando novos fósseis, significativamente diferentes dos conhecidos anteriormente, são descobertos.


Figura 9 - A hierarquia da classificação científica dos seres vivos de Lineu (http://pt.wikipedia.org/wiki/Taxonomia_de_Lineu)


Em paleontologia utiliza-se a cladística, em que existe uma “árvore genealógica” evolucionária de um conjunto de organismos. As caraterísticas utilizadas na construção de cladogramas são anatómicas (como por exemplo a presença/ausência de corda dorsal) ou moleculares (comparação de sequências de ADN ou de proteínas). Da cladística obtêm-se grupos hierarquicamente organizados, que partilham um ancestral comum. No entanto, estes cladogramas (Figura 10) estão muitas vezes incompletos por não existir toda a informação para a sua correta construção. Existem também caracteres que evoluíram mais que uma vez, em tempos diferentes, sendo necessária atenção quando se recorrem a estes fatores morfológicos repetidos – evolução convergente.
Figura 10 – Exemplo de cladograma relativo à temperatura corporal dos animais.

      Os animais de sangue quente evoluíram algures na transição entre os Synapsidos e os mamíferos.
   A endotermia também deverá ter evoluído num destes pontos – exemplo de evolução convergente (http://en.wikipedia.org/wiki/Paleontology)

A nomenclatura de uma espécie fóssil obedece à nomenclatura binomial desenvolvida por Lineu, sendo importante para fazer a catalogação dos organismos fósseis.

Quando um fóssil é descoberto é feito o seu estudo, havendo espécimes:
·         Espécie tipo: encontra-se arquivada em coleções de museus ou em centros de investigação;
·         Holótipo: espécime típico de uma espécie, servindo de referência;
·         Paratipo: apresenta algumas diferenças, variações em relação ao holótipo, auxilia por isso na caraterização da espécie;
Neótipo: definido quando há perda do holótipo ou se faz uma nova descrição da espécie.

Referências Bibliográficas
Priberam (2012) 9 de junho de 2013, http://www.priberam.pt/.
Wikipedia (2013) 9 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/ .
Iniciação à paleontologia e à história da terra (n.d.) 9 de junho, 2013, http://fossil.uc.pt.
Legoinha, P. (2012). Apontamentos de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Fósseis ao virar da esquina (n.d.) 9 de junho, 2013, http://paleolisboa.com.

Processos de fossilização

A fossilização é o conjunto de processos geológicos, geoquímicos, biológicos, climáticos e ecológicos que conduzem à conservação dos restos ou vestígios dos seres vivos do passado (ver exemplo de fossilização no Vídeo 1). Clica neste link: http://www.youtube.com/watch?v=8pOJKCIDpJ8


Os processos de fossilização ocorrem de acordo com o tipo de tecido orgânico e com as condições externas do meio. Simplificadamente, os processos de fossilização podem ser classificados como:
·         Moldagem: as partes duras dos seres vivos desaparecem, mas antes deixam marcas (impressões) nas rochas. Há reprodução da morfologia interna ou externa (Impressão).
·         Mineralização: os materiais originais que compõem o ser vivo sofrem substituição por outros mais estáveis (exemplo: calcite, pirite, sílica, …);
·         Conservação: há conservação parcial ou total do material original do ser vivo em rochas ou outros materiais. É o caso da mumificação, em que ocorre desidratação do cadáver. Em alguns casos raros dá-se a conservação de organismos completos, devido ao meio (substâncias fossilizantes) em que ficaram preservados que impediram o contato com o ambiente externo (petróleo, asfalto, sílica, resina/âmbar e gelo - Figura 7).



Figura 7 – Mamute preservado em gelo, o que impediu a atividade de microorganismos decompositores e atrasou a decomposição físico-química (http://fossil.uc.pt/pags/formac.dwt)

A composição química original do organismo pode ser preservada ou é possível que um fóssil seja criado quando compostos orgânicos constituintes do ser vivo, após a sua morte sejam substituídos por outros mais estáveis para as novas condições (Figura 8).

Figura 8 – Principais tipos de fossilização, mantendo a composição química original preservada ou alterada (retirado de Legoinha, 2012)
O Vídeo 2 apresenta um resumo acerca do tema fósseis e processos de fossilização. Clica no seguinte link: http://www.youtube.com/watch?v=an0uErs72P8

Referências Bibliográficas
Priberam (2012) 9 de junho de 2013, http://www.priberam.pt/.
Wikipedia (2013) 9 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/ .
Iniciação à paleontologia e à história da terra (n.d.) 9 de junho, 2013, http://fossil.uc.pt.
Legoinha, P. (2012). Apontamentos de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Fósseis ao virar da esquina (n.d.) 9 de junho, 2013, http://paleolisboa.com.




Fossilização


Um organismo dará origem a um bom fóssil se sofrer poucas modificações. Deste modo é possível reconhecer a sua estrutura e fazer a sua análise o mais correctamente possível.
Chama-se registo fóssil à totalidade de fósseis, descobertos ou não, e a sua localização em formações rochosas e camadas sedimentares (estratos). É este que nos indica uma pequena percentagem da vida que já existiu na longa história geológica da Terra. Tal acontece pois, para haver registo fóssil, é necessário que se reúnam várias condições de modo a preservar parte ou a totalidade do organismo - Fossilização (Figura 4). Assim, para que haja a formação de fósseis, é preciso que ocorram uma série de coincidências na biosfera e na litosfera, sendo a reunião de todas as condições necessárias, raras (Figura 5).




Figura 4 – Exemplo genérico do processo de fossilização  (http://www.sobiologia.com.br)

Figura 5 - Coincidências na biosfera e litosfera que permitem que o registo fóssil ocorra (extraído de Legoinha, 2012)

Quando um organismo morre, e para que ocorra a fossilização, é necessário existirem condições que contrariem o processo natural de decomposição. A decomposição ocorre quando organismos decompositores, agentes físicos (temperatura e pressão) e químicos (dissolução, oxidação, …) levam à transformação da matéria orgânica dos seres vivos em minerais. Os restos orgânicos podem ser rapidamente envolvidos num material protector que os preserve do contato com a atmosfera, água e ação dos decompositores, o que cria condições para a fossilização.
Para que o processo fossilífero aconteça é necessário que ocorra uma série de fenómenos (Figura 6). A existência de biocenose, ou seja, comunidades a habitarem um biótopo, existindo elevada densidade populacional, é um fator importante. Quando os seres vivos desse habitat sofrem uma extinção em massa, dá-se a acumulação de restos, a tanatocenose (acumulação relativamente densa de partes de seres vivos). Se estes restos sofrerem um soterramento rápido dá-se a tafocenose (acumulação de restos orgânicos no seio de um sedimento não litificado). Ao nível da litosfera, e se ocorrer uma fossilização rápida e ausência de erosão e dispersão secundária dos vestígios, ocorre a orictocenose (associação de elementos fósseis sujeitos a diagénese, encontrando-se inseridos numa rocha sedimentar). Para que este registo não seja perdido é importante que este seja mantido a uma profundidade adequada. Por um lado, um enterramento muito profundo predisporá o fóssil a sofrer fenómenos de metamorfismo, por outro a proximidade com a superfície poderá expô-lo a erosão.



Figura 6 – Fenómenos na biosfera e na litosfera, no passado e presente que permitem a ocorrência de fósseis e sua descoberta (http://www.biolohugo.xpg.com.br)

Para que o fóssil seja descoberto no tempo presente é necessário que ocorra orogenia, que irá permitir uma elevação do fóssil para as camadas superiores até que ocorra erosão que exponha o fóssil. É assim necessário um conjunto de circunstâncias, no passado e no presente, para que os fósseis sejam criados e descobertos, o que explica a raridade do fenómeno.

Os fatores que favorecem o processo de fossilização são então:
                - O isolamento dos restos de seres vivos dos agentes erosivos, decomposição e processos oxidantes;
                - Presença de esqueleto interno ou externo resistente, especialmente de natureza mineral, favorece a fossilização, enquanto a existência de corpo mole diminuiu as hipóteses de ocorrer fossilização;
                - A natureza dos sedimentos que o envolvem pois sedimentos finos, como argilas e siltes, favorecem a fossilização; sedimentos mais grosseiros (areias e conglomerados) e águas de circulação levam à destruição e decomposição da matéria orgânica;
                - A geoquímica e caraterísticas do meio onde há deposição da matéria orgânica irão influenciar a facilidade de conservação; meio redutor ou anaeróbio propiciam a fossilização dos tecidos (mesmo partes moles), enquanto meio oxidante prejudica o processo;
                - O clima frio leva à maior preservação pois as baixas temperaturas inibem a ação de agentes microbianos; climas tropicais quentes e húmidos levam ao aumento da taxa de decomposição.
Existem zonas que, por reunirem um maior número de fatores acima descritos, se tornam mais favoráveis para que ocorram os processos de fossilização, com organismos bem conservados e indicados para efetuar estudos. São elas:
                - Plataformas carbonatadas;
- Zonas de condensação (dá-se a acumulação secundária de fósseis);
- Rios (zonas de meandro);
- Taludes;
- Âmbar;
- Pântanos.
Por outro lado, alguns processos dificultam a fossilização pois criam más condições para a ocorrência de fossilização e/ou a deformação dos fósseis (estes processos podem, em última instância, mesmo levar à destruição dos mesmos). Os fósseis criados nestas condições não são indicados para efectuar estudos. Alguns destes processos são:
                - Desarticulação dos esqueletos dos organismos;
                - Fragmentação por transporte ou erosão;
- Abrasão;
- Bioperfuração;
- Dissolução;

- Deformações (por exemplo, o achatamento).

Referências Bibliográficas
Priberam (2012) 9 de junho de 2013, http://www.priberam.pt/.
Wikipedia (2013) 9 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/ .
Iniciação à paleontologia e à história da terra (n.d.) 9 de junho, 2013, http://fossil.uc.pt.
Legoinha, P. (2012). Apontamentos de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Fósseis ao virar da esquina (n.d.) 9 de junho, 2013, http://paleolisboa.com.

Fósseis

Fóssil é o “nome dado aos restos ou vestígios de plantas ou animais que se encontram nas camadas terrestres, anteriores ao actual período geológico”, segundo o Dicionário Priberam de Língua Portuguesa. A origem da palavra, do latim fossilis, indica-nos literalmente isso mesmo, ‘extraído da terra’. No entanto, para que seja considerado fóssil, os vestígios devem ter origem orgânica e possuírem mais de 13000 anos (calculado a partir da última glaciação do Quaternário). Existem, no entanto, autores que consideram que o tempo não é o mais importante na definição do conceito de fóssil (ou seja, os vestígios não sofreram transformações físicas e químicas por longos períodos de tempo), mas antes que qualquer resto ou vestígio de ser vivo é um fóssil quando preservado em contexto geológico.
Existem duas formas de preservação dos vestígios da presença de seres vivos antigos, restos materiais e manifestações de atividade (Figura 1).
·         Restos materiais ou somatofósseis são evidências da totalidade do corpo inteiro (Figura 2A) ou de partes de antigos organismos, tais como, ossos, dentes, troncos ou chifres (Figura 2B).
·         Manifestações de atividade são fósseis que resultam de evidências indirectas dos seres vivos, ou seja, da sua atividade biológica. Estas podem ser vestígios orgânicos, tais como estruturas reprodutoras (sementes, pólen, ovos – Figura 3A, esporos) e cuprólitos e urólitos (excrementos fossilizados e secreções urinárias), ou icnofósseis ou rastos, como são as pegadas (Figura 3B) e impressões de outras partes do corpo, pistas e galerias abertas em material rochoso ou em partes de outros seres vivos (como esqueletos e troncos).
Existem ainda outros tipos de vestígios que a vida passada deixou que, apesar de não poderem ser vistos, podem ser detetados sob a forma de sinais bioquímicos. Estes são os fósseis químicos ou biomarcadores.

Figura 1 - Esquema simplificado de uma paisagem actual e de algumas plantas e animais (potenciais fósseis) que poderão ser preservados como fósseis (http://domingos.home.sapo.pt)




Figura 2 – Exemplos de somatofósseis. A - Mosquito preservado em âmbar, exemplificando um vestígio fóssil da totalidade do corpo do organismo (http://hapenas.com). B - Crânio do dinossauro Rajasaurus narmadensis, em que se demonstra que apenas uma parte do organismo ficou preservada, neste caso o osso, tendo sido as partes moles decomposição (http://www-news.uchicago.edu)


Figura 3 – Exemplos de fósseis de manifestação de atividade. A - Ninho com ovos de Hadrosaurus fossilizados (http://www.nationalgeographic.com). B – Rastro de pegadas de dinossauros (http://paleo.cc)

Referências Bibliográficas
Priberam (2012) 9 de junho de 2013, http://www.priberam.pt/.
Wikipedia (2013) 9 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/ .
Iniciação à paleontologia e à história da terra (n.d.) 9 de junho, 2013, http://fossil.uc.pt.
Legoinha, P. (2012). Apontamentos de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Fósseis ao virar da esquina (n.d.) 9 de junho, 2013, http://paleolisboa.com.