domingo, 9 de junho de 2013

Fossilização


Um organismo dará origem a um bom fóssil se sofrer poucas modificações. Deste modo é possível reconhecer a sua estrutura e fazer a sua análise o mais correctamente possível.
Chama-se registo fóssil à totalidade de fósseis, descobertos ou não, e a sua localização em formações rochosas e camadas sedimentares (estratos). É este que nos indica uma pequena percentagem da vida que já existiu na longa história geológica da Terra. Tal acontece pois, para haver registo fóssil, é necessário que se reúnam várias condições de modo a preservar parte ou a totalidade do organismo - Fossilização (Figura 4). Assim, para que haja a formação de fósseis, é preciso que ocorram uma série de coincidências na biosfera e na litosfera, sendo a reunião de todas as condições necessárias, raras (Figura 5).




Figura 4 – Exemplo genérico do processo de fossilização  (http://www.sobiologia.com.br)

Figura 5 - Coincidências na biosfera e litosfera que permitem que o registo fóssil ocorra (extraído de Legoinha, 2012)

Quando um organismo morre, e para que ocorra a fossilização, é necessário existirem condições que contrariem o processo natural de decomposição. A decomposição ocorre quando organismos decompositores, agentes físicos (temperatura e pressão) e químicos (dissolução, oxidação, …) levam à transformação da matéria orgânica dos seres vivos em minerais. Os restos orgânicos podem ser rapidamente envolvidos num material protector que os preserve do contato com a atmosfera, água e ação dos decompositores, o que cria condições para a fossilização.
Para que o processo fossilífero aconteça é necessário que ocorra uma série de fenómenos (Figura 6). A existência de biocenose, ou seja, comunidades a habitarem um biótopo, existindo elevada densidade populacional, é um fator importante. Quando os seres vivos desse habitat sofrem uma extinção em massa, dá-se a acumulação de restos, a tanatocenose (acumulação relativamente densa de partes de seres vivos). Se estes restos sofrerem um soterramento rápido dá-se a tafocenose (acumulação de restos orgânicos no seio de um sedimento não litificado). Ao nível da litosfera, e se ocorrer uma fossilização rápida e ausência de erosão e dispersão secundária dos vestígios, ocorre a orictocenose (associação de elementos fósseis sujeitos a diagénese, encontrando-se inseridos numa rocha sedimentar). Para que este registo não seja perdido é importante que este seja mantido a uma profundidade adequada. Por um lado, um enterramento muito profundo predisporá o fóssil a sofrer fenómenos de metamorfismo, por outro a proximidade com a superfície poderá expô-lo a erosão.



Figura 6 – Fenómenos na biosfera e na litosfera, no passado e presente que permitem a ocorrência de fósseis e sua descoberta (http://www.biolohugo.xpg.com.br)

Para que o fóssil seja descoberto no tempo presente é necessário que ocorra orogenia, que irá permitir uma elevação do fóssil para as camadas superiores até que ocorra erosão que exponha o fóssil. É assim necessário um conjunto de circunstâncias, no passado e no presente, para que os fósseis sejam criados e descobertos, o que explica a raridade do fenómeno.

Os fatores que favorecem o processo de fossilização são então:
                - O isolamento dos restos de seres vivos dos agentes erosivos, decomposição e processos oxidantes;
                - Presença de esqueleto interno ou externo resistente, especialmente de natureza mineral, favorece a fossilização, enquanto a existência de corpo mole diminuiu as hipóteses de ocorrer fossilização;
                - A natureza dos sedimentos que o envolvem pois sedimentos finos, como argilas e siltes, favorecem a fossilização; sedimentos mais grosseiros (areias e conglomerados) e águas de circulação levam à destruição e decomposição da matéria orgânica;
                - A geoquímica e caraterísticas do meio onde há deposição da matéria orgânica irão influenciar a facilidade de conservação; meio redutor ou anaeróbio propiciam a fossilização dos tecidos (mesmo partes moles), enquanto meio oxidante prejudica o processo;
                - O clima frio leva à maior preservação pois as baixas temperaturas inibem a ação de agentes microbianos; climas tropicais quentes e húmidos levam ao aumento da taxa de decomposição.
Existem zonas que, por reunirem um maior número de fatores acima descritos, se tornam mais favoráveis para que ocorram os processos de fossilização, com organismos bem conservados e indicados para efetuar estudos. São elas:
                - Plataformas carbonatadas;
- Zonas de condensação (dá-se a acumulação secundária de fósseis);
- Rios (zonas de meandro);
- Taludes;
- Âmbar;
- Pântanos.
Por outro lado, alguns processos dificultam a fossilização pois criam más condições para a ocorrência de fossilização e/ou a deformação dos fósseis (estes processos podem, em última instância, mesmo levar à destruição dos mesmos). Os fósseis criados nestas condições não são indicados para efectuar estudos. Alguns destes processos são:
                - Desarticulação dos esqueletos dos organismos;
                - Fragmentação por transporte ou erosão;
- Abrasão;
- Bioperfuração;
- Dissolução;

- Deformações (por exemplo, o achatamento).

Referências Bibliográficas
Priberam (2012) 9 de junho de 2013, http://www.priberam.pt/.
Wikipedia (2013) 9 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/ .
Iniciação à paleontologia e à história da terra (n.d.) 9 de junho, 2013, http://fossil.uc.pt.
Legoinha, P. (2012). Apontamentos de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Fósseis ao virar da esquina (n.d.) 9 de junho, 2013, http://paleolisboa.com.

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