domingo, 9 de junho de 2013

Métodos utilizados em investigação estratigráfica


As sondagens são um método que permite a obtenção de informação em profundidade.
Foi com o Ocean Drilling Program que se obtiveram testemunhos da constituição da crosta terrestre em vários locais do mundo, permitindo aos cientistas a obtenção de muita informação não só sobre estratigrafia, mas também sobre geoquímica. Este projecto, iniciado em 1985, teve um papel crucial no conhecimento da história da formação dos oceanos e da crusta terrestre. Em 2004, passou a ser conhecido como Integrated Ocean Drilling Program.

Para saber mais sobre estes projectos,  pode consultar os seus sites na internet, em http://www-odp.tamu.edu/ .
 As sondagens podem ser realizadas por motivos científicos, mas na maioria dos casos são feitas para prospecção de minérios, petróleo ou água.

Existem dois métodos principais de realização de sondagens: por percussão e por brocas. Quando se utilizam brocas, pode optar-se por apenas desgastar a rocha, obtendo-se material rochoso desagregado, ou por obter um testemunho contínuo, que se pode arquivar.

Esta imagem mostra vários testemunhos, já arquivados.

O objectivo das sondagens não é só o de obter conhecimento directo sobre a litologia, mas também o de realizar diagrafias.
As diagrafias são o registo contínuo de parâmetros físicos das rochas, apresentando as variações de uma ou várias características medidas durante a realização das sondagens. Para isso utiliza-se uma sonda que não só emite um sinal, mas também regista a resposta a esse sinal. Há vários tipos de diagrafias:

-Diagrafia de resistividade – a resistividade corresponde à resistência eléctrica de um cubo unitário de rocha. Normalmente as rochas são isolantes; se não são isso deve-se normalmente à porosidade. Assim, as rochas compactas têm uma resistividade elevada. A resistividade depende também da salinidade da água que circula nos poros da rocha: quanto mais salina for a água, menos resistividade terá a rocha.

-Diagrafia de radioactividade- trata-se de um cintilómetro que desce pelo furo. Esta diagrafia só pode ser efectuada após o extubamento do furo. As rochas potencialmente mais radioactivas são as vulcânicas e plutónicas e rochas ricas em feldspatos e micas. Também quando há muita quantidade de matéria orgânica há mais radioactividade. Esta diagrafia é muito útil na pesquisa de urânio.

-Diagrafia sónica – esta diagrafia mede o tempo de percurso de uma onda sonora entre a fonte emissora e a fonte receptora. Este tempo de percurso depende da litologia, pressão, temperatura, massa volúmica, textura, porosidade e estrutura das rochas. Permite também obter módulos de elasticidade das rochas.
Esta imagem mostra como é efectuada uma diagrafia sónica.


- Diagrafia térmica – consiste num termómetro com um filamento metálico cuja resistência muda com a temperatura. Nesta diagrafia é necessário ter presente que o gradiente geotérmico depende da litologia e da existência de evaporitos, carvão ou rochas porosas.

- Diagrafia neutrónica - mede o índice de hidrogénio. Consiste no bombardeamento contínuo das rochas com neutrões de energia de 4 a 6 MeV (Mega-eletrão-Volt). Excita-se os átomos leves de hidrogénio, que assim emitem radiação, que por sua vez é detectada. Depende do número de átomos de hidrogénio por unidade de volume. O hidrogénio está relacionado com a presença de água, hidrocarbonetos ou com a própria composição molecular da rocha.

- Diagrafia de Potencial Espontâneo - com este método obtêm-se a diferença entre o potencial de eléctrodo fixo à superfície e o potencial variável do eléctrodo que se desloca ao longo do furo da sondagem.
Para além das diagrafias, há outros métodos utilizados em estratigrafia para determinar a idade dos estratos.
-Depósitos de Varvas – É possível realizar a contagem de camadas alternamente claras e escuras, depositadas em lagos, como se fossem os anéis do tronco de uma árvore. As camadas claras correspondem a estações quentes, enquanto que depósitos escuros correspondem a estações frias. A sua contagem oferece a indicação de tempo geológico envolvido. Este método não é apenas aplicável a lagos, mas a qualquer depósito rítmico, dependente das estações do ano, como por exemplo os ciclos planctónicos anuais dos xistos de Green-River.

- Dendrocronologia - consiste na contagem e medição de anéis de crescimento de árvores, podendo ser relacionado com o método do Carbono 14 (datação absoluta através do decaimento de elementos radioactivos).

- Tefrocronologia – é o estudo dos níveis de cinzas vulcânicas, permitindo a correlação entre níveis distantes geograficamente.

-Traços de fissão – marca deixada pela desintegração espontânea de alguns elementos radioactivos. As emissões perturbam as redes cristalinas dos minerais, deixando marcas da passagem de partículas. É a densidade de traços no seu interior que é proporcional à idade do mineral e à quantidade de urânio ou de tório. Este método é muito utilizado em zircões, apatites, micas, granadas e olivinas. Este método produz resultados mais satisfatórios em rochas do quaternário.

Referências bibliográficas

Wikipedia (2013) 2 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/ .
Legoinha, P. (2012). Apontamentos de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Vera Torres, J. A. (1994). Estratigrafía, principios y métodos. Editorial Rueda. Retrieved from http://orton.catie.ac.cr/cgi-bin/wxis.exe/?IsisScript=CIENL.xis&method=post&formato=2&cantidad=1&expresion=mfn=005473




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