As sondagens são um método que permite a obtenção de
informação em profundidade.
Foi com o Ocean Drilling Program que se obtiveram testemunhos
da constituição da crosta terrestre em vários locais do mundo, permitindo aos
cientistas a obtenção de muita informação não só sobre estratigrafia, mas
também sobre geoquímica. Este projecto, iniciado em 1985, teve um papel crucial
no conhecimento da história da formação dos oceanos e da crusta terrestre. Em
2004, passou a ser conhecido como Integrated Ocean Drilling Program.
Para saber mais sobre estes projectos, pode consultar os seus sites na internet, em http://www-odp.tamu.edu/ .
As sondagens
podem ser realizadas por motivos científicos, mas na maioria dos casos são
feitas para prospecção de minérios, petróleo ou água.
Existem dois métodos principais de realização de sondagens:
por percussão e por brocas. Quando se utilizam brocas, pode optar-se por apenas
desgastar a rocha, obtendo-se material rochoso desagregado, ou por obter um
testemunho contínuo, que se pode arquivar.
Esta imagem mostra vários testemunhos, já arquivados.
O objectivo das sondagens não é só o de obter conhecimento
directo sobre a litologia, mas também o de realizar diagrafias.
As diagrafias são
o registo contínuo de parâmetros físicos das rochas, apresentando as variações
de uma ou várias características medidas durante a realização das sondagens.
Para isso utiliza-se uma sonda que não só emite um sinal, mas também regista a
resposta a esse sinal. Há vários tipos de diagrafias:
-Diagrafia de
resistividade – a resistividade corresponde à resistência eléctrica de um
cubo unitário de rocha. Normalmente as rochas são isolantes; se não são isso
deve-se normalmente à porosidade. Assim, as rochas compactas têm uma
resistividade elevada. A resistividade depende também da salinidade da água que
circula nos poros da rocha: quanto mais salina for a água, menos resistividade
terá a rocha.
-Diagrafia de
radioactividade- trata-se de um cintilómetro que desce pelo furo. Esta
diagrafia só pode ser efectuada após o extubamento do furo. As rochas potencialmente
mais radioactivas são as vulcânicas e plutónicas e rochas ricas em feldspatos e
micas. Também quando há muita quantidade de matéria orgânica há mais
radioactividade. Esta diagrafia é muito útil na pesquisa de urânio.
-Diagrafia sónica –
esta diagrafia mede o tempo de percurso de uma onda sonora entre a fonte
emissora e a fonte receptora. Este tempo de percurso depende da litologia,
pressão, temperatura, massa volúmica, textura, porosidade e estrutura das
rochas. Permite também obter módulos de elasticidade das rochas.
Esta imagem mostra como é efectuada uma diagrafia sónica.
- Diagrafia térmica
– consiste num termómetro com um filamento metálico cuja resistência muda com a
temperatura. Nesta diagrafia é necessário ter presente que o gradiente
geotérmico depende da litologia e da existência de evaporitos, carvão ou rochas
porosas.
- Diagrafia neutrónica
- mede o índice de hidrogénio. Consiste no bombardeamento contínuo das rochas
com neutrões de energia de 4 a 6 MeV (Mega-eletrão-Volt). Excita-se os átomos
leves de hidrogénio, que assim emitem radiação, que por sua vez é detectada.
Depende do número de átomos de hidrogénio por unidade de volume. O hidrogénio
está relacionado com a presença de água, hidrocarbonetos ou com a própria
composição molecular da rocha.
- Diagrafia de
Potencial Espontâneo - com este método obtêm-se a diferença entre o potencial de eléctrodo fixo
à superfície e o potencial variável do eléctrodo que se desloca ao longo do
furo da sondagem.
Para além das diagrafias, há outros métodos utilizados em
estratigrafia para determinar a idade dos estratos.
-Depósitos de Varvas – É possível realizar a contagem de
camadas alternamente claras e escuras, depositadas em lagos, como se fossem os anéis
do tronco de uma árvore. As camadas claras correspondem a estações quentes,
enquanto que depósitos escuros correspondem a estações frias. A sua contagem
oferece a indicação de tempo geológico envolvido. Este método não é apenas
aplicável a lagos, mas a qualquer depósito rítmico, dependente das estações do
ano, como por exemplo os ciclos planctónicos anuais dos xistos de Green-River.
- Dendrocronologia - consiste na contagem e medição de anéis de
crescimento de árvores, podendo ser relacionado com o método do Carbono 14
(datação absoluta através do decaimento de elementos radioactivos).
- Tefrocronologia – é o estudo dos níveis de cinzas
vulcânicas, permitindo a correlação entre níveis distantes geograficamente.
-Traços de fissão – marca deixada pela desintegração
espontânea de alguns elementos radioactivos. As emissões perturbam as redes
cristalinas dos minerais, deixando marcas da passagem de partículas. É a
densidade de traços no seu interior que é proporcional à idade do mineral e à
quantidade de urânio ou de tório. Este método é muito utilizado em zircões,
apatites, micas, granadas e olivinas. Este método produz resultados mais
satisfatórios em rochas do quaternário.
Referências bibliográficas
Wikipedia (2013) 2 de junho, 2013, http://en.wikipedia.org/
.
Legoinha, P. (2012). Apontamentos
de Estratigrafia e Paleontologia. Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade Nova de Lisboa.
Vera Torres, J. A.
(1994). Estratigrafía, principios y métodos. Editorial Rueda. Retrieved
from
http://orton.catie.ac.cr/cgi-bin/wxis.exe/?IsisScript=CIENL.xis&method=post&formato=2&cantidad=1&expresion=mfn=005473
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